domingo, 23 de junho de 2013

A velha política e o novo Brasil

O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff contém acertos e erros.

A Presidente acertou ao convocar, mesmo que com atraso, a rede nacional de rádio e TV - a primeira realmente necessária em sua administração - para apresentar à população e ao mundo a palavra do governo brasileiro sobre os últimos acontecimentos.

Errou, no entanto, no conteúdo. Reproduziu exatamente o tipo de ação política que está sendo rechaçada nas ruas de todo o país. Fez um discurso dissocianciado da verdade, reforçando a política como território distante de valores e da própria realidade.

A presidente perdeu uma oportunidade única de se conectar com a população. Para isso, precisaria ter reconhecido erros e responsabilidades para, em seguida, ter a legitimidade de transformar essa extraordinária manifestação por desejo de mudanças em combustível para uma verdadeira transformação do país.

No entanto, escolheu fazer um discurso que reproduz o tradicional jeitinho de fazer política no Brasil: empurrando os problemas para debaixo do tapete, fingindo que não tem nada a ver com o que está acontecendo, que é tudo responsabilidade dos outros, que só não fez melhor porque não foi permitido.

Fez, assim, um discurso como se a população brasileira fosse formada por alienados e desinformados. Ela está nas ruas justamente mostrando que não é.

A presidente falou no seu compromisso com a transparência e com a luta contra a corrupção. Enquanto isso, no Brasil real, a mesma presidente proíbe a divulgação dos gastos das suas viagens ao exterior e, pensando nas eleições, abriga novamente no governo a influência de pessoas que ela mesma havia afastado sob suspeita de desvios.

Como forma de tentar demonstrar compromisso com a saúde, a presidente disse que os investimentos federais nesta área vêm aumentando, quando todo o país sabe que a participação do governo federal nos gastos nacionais do setor vem caindo de forma acentuada há 10 anos, desde que o PT assumiu o governo. Quando todo o país sabe que o governo se empenhou especialmente para impedir que a regulamentação da Emenda 29 fixasse patamar mínimo de 10% de invstimento no setor para a esfera federal.

Com o foco das manifestações no transporte coletivo, a presidente diz agora que enfim vermelho vai discutirá o assunto. Nenhuma palavra para o fato do seu governo agir exatamente no sentido oposto: faz desonerações isoladas para atender lógicas e interesses específicos, estimulando a aquisição de veículos individuais e defendendo projetos mirabolantes, como o trem bala, em detrimento de investimento em metrôs das grandes cidades.


Depois de gastar milhões em publicidade para colocar o governo federal à frente das obras dos estádios, agora, candidamente, a presidente diz que nada tem a ver com isso, resumindo os recursos empregados a financiamentos a serem pagos por estados e empresas. Nenhuma palavra sobre os recursos de Tesouro Nacional que estão abastecendo os cofres do BNDES. Nenhuma observação sobre a óbvia constatação de que os recursos que estão financiando estádios poderiam estar financiando metrôs, estradas e hospitais.

Mas há, nessa afirmação da presidente, um aspecto positivo.

É a primeira vez que o governo reconhece que obras realizadas por meio de financiamentos não devem ser consideradas obras federais, já que são recursos que serão pagos pelos tomadores. Registra-se, assim, uma nova e mais justa leitura sobre programas como o Luz Para Todos e o PAC, nos quais as obras realizadas com os financiamentos -  que serão integralmente pagos por empresas, estados  e municípios - têm sido apresentados - sem nenhuma cerimônia, como obras da União.

Ao invés de dizer ao país que o governo não investiu na Copa - como se alguém pudesse acreditar nisso - não seria mais honesto mostrar as razões que levaram o governo  a lutar pela oportunidade de realizá-la e depois investir nela?

Não seria mais respeitoso com os milhões de brasileiros que estão nas ruas reconhecer a parcela de responsabilidade do seu governo - que, registre-se, não é só dele - com os problemas enfrentados hoje pela população?

Ao invés de oferecer aos brasileiros mais uma vaga carta de intenções, não teria feito melhor a presidente se tivesse se comprometido com medidas concretas? Se tivesse dito que orientaria o seu partido no Congresso a desistir de retirar poderes  do Ministério Publico e de impedir a criação de novos partidos? Ou, como bem disse o Senador Agripino Maia, se dissesse que procuraria o presidente do STF para manifestar apoio à conclusão do processo do mensalão?

Quem ouviu a pronunciamento da Presidente da República ficou com a impressão de que se tratava de um governo começando agora e não de uma gestão que responde pelo que foi – e não foi – feito no país nos último 10 anos.

Através da voz da presidente, a velha política falou ao novo Brasil que está nas ruas. Pena.


Aécio Neves - Presidente do PSDB 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Nota Oficial do Senador Aécio Neves sobre os protestos

Os protestos devem ser compreendidos antes de rotulados.

Vivemos num mundo novo e as redes sociais permitem um inédito compartilhamento de ideias e sentimentos.

É nítida a existência de um forte sentimento de insatisfação, especialmente entre os jovens, e que, ainda que de forma difusa, ganha as ruas e precisa ser respeitado.

São brasileiros de diversas partes do país se mobilizando, entre outras questões, contra o aumento de passagens, contra a baixa qualidade dos serviços públicos, de transporte, de saúde e de educação, contra os desvios éticos na política e contra a pressão exercida pelo aumento do custo de vida.

São brasileiros que enviam um recado à sociedade, em especial, aos governantes, e que precisam ser escutados.


Aécio Neves 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Deputado @RogerioCorreia_ do PT continua blindado pelo Ministério Público de Minas Gerais

Está completando um ano e meio que estão paradas no Ministério Público de Minas Gerais representações contra o deputado Rogério Correia por crime de improbidade administrativa.
O deputado foi denunciado em dezembro de 2011 por três partidos políticos (veja) após ficar confirmado que ele utilizou recursos públicos em benefício pessoal do falsário Nilton Monteiro que se encontra preso pela falsificação de documentos e promissórias que somam mais de 300 milhões de reais.
Foi comprovado que o deputado usou sua verba de gabinete para pagar o escritório de advocacia que trabalhava para Monteiro (Estado de Minas), e que cedeu advogado da liderança do PT na Assembleia de Minas para, em horário de expediente, atender interesses particulares do falsário. Isso, além de ter cedido seu principal assessor para ajudar Nilton Monteiro na suspeita obtenção de modelos de assinaturas de políticos e empresários, como ficou provado em gravações realizadas pela policia federal. (Revista Veja).

terça-feira, 4 de junho de 2013

O PSDB, Aécio e o Brasil



Na convenção tucana que elegeu Aécio Neves presidente nacional do PSDB, percebi uma pujante energia nova, caracterizada pelo entusiasmo, a recuperação da identidade partidária e expressiva postura de unidade, em todos os discursos e proposições.

Se seus adversários esperavam o contrário e até trabalharam para isso, com certeza, decepcionaram-se, ante esta primeira inequívoca vitória de Aécio: a convenção que o elegeu Presidente foi a sua cara e seu estilo, exibindo um PSDB de face nova, ao revelar competencia, paciência e habilidade para dialogar internamente, sedução e coragem para se expor como oposição, e capacidade para perceber o Brasil e oferecer soluções para seus grandes desafios.

Os partidos políticos são organizações das mais importantes nas sociedades democráticas, indispensáveis a sua integridade e manutenção. Em semelhante contexto é necessário que tenham e mostrem, com clareza, alma e cara e que não abram mão de sua identidade, em qualquer circunstância, por mais tormentosa que ela seja ou pareça ser.

Daí minha satisfação, embora não seja tucano, ao assistir à Convenção Nacional do PSDB e presenciar a reafirmação de sua identidade e origem, desbotada e diminuída já há alguns anos, por deixar de assumir sua própria história, seus governos e a expressão de suas lideranças.

Satisfação porque imaginei esperançoso, naquele cenário, o início de uma nova etapa de autenticidade e coerência na vida das nossas organizações partidárias.

Cabe ressaltar que a negação partidária não é uma prática restrita ao PSDB, mas comum a todos os partidos políticos brasileiros, cuja marca mais forte vem sendo a descaracterização e a perda de identidade, o que desmerece sua razão de existir, a conseqüência desse pecado original.

Outra energia substantiva que percebi nessa importante convenção, foi o entusiasmo geral dos participantes. Convencionais, militantes e simpatizantes, expressaram com clareza sua euforia renovadora, marcando presença pela vontade de lutar, orgulhosos do que são: tucanos!

Oxigenada por esses poderosos sentimentos e pela postura de unidade das lideranças maiores do PSDB, de todas as origens e regiões, a convenção sinalizou com uma nova visão do Brasil, como alternativa auto-criticada e recriada da prática histórica da social democracia brasileira com fundamentos e pressupostos essenciais e indispensáveis à formulação da proposta de programa de Governo, a ser apresentada no embate do próximo pleito eleitoral.

Nessa direção, o jovem Presidente do PSDB, Senador Aécio Neves, deverá demonstrar sua capacidade de agir como o fez na Convenção, para assegurar e fortalecer a unidade partidária e turbinar a energia positiva que dominou aquele evento, trazendo a exposição pública um partido que revele credibilidade e competência para cuidar do Brasil e do povo brasileiro. Nessa via é que ele encontrará verdadeiro prazer e habilidade para o complemento da primeira etapa de sua missão, que é aproximar o PSDB do povo, unir as forças políticas verdadeiramente interessadas no Brasil para a sincera e indispensável governança compartilhada, cenário no qual os jovens devem ocupar lugar de destaque, em todas as instâncias e momentos, como principais autores e atores, nesta nova sociedade do conhecimento, da qual eles são mais que imprescindíveis.

Finalmente, é preciso ter a clareza de que esses ingredientes dinâmicos, terão seu laboratório esmerado em Minas, terra e símbolo de Aécio, reduto onde a ampla flexibilidade precisa ser a regra de conduta permanente, e o individualismo e a intolerância devem ser recusados como práticas desagregadoras em sua tentativa de fundamentar qualquer pretensão menor que o Brasil vez que o que está em jogo é algo muito maior que Minas, embora sem ela, provavelmente, não se tenha exito na missão principal.

* José Prates  é ex-prefeito de Salinas-MG, arquiteto e urbanista, escritor.
Líder dos movimentos políticos Lulécio e Dilmasia.