Na convenção tucana que elegeu Aécio Neves presidente
nacional do PSDB, percebi uma pujante energia nova, caracterizada pelo
entusiasmo, a recuperação da identidade partidária e expressiva postura de
unidade, em todos os discursos e proposições.
Se seus adversários esperavam o contrário e até trabalharam
para isso, com certeza, decepcionaram-se, ante esta primeira inequívoca vitória
de Aécio: a convenção que o elegeu Presidente foi a sua cara e seu estilo,
exibindo um PSDB de face nova, ao revelar competencia, paciência e habilidade
para dialogar internamente, sedução e coragem para se expor como oposição, e
capacidade para perceber o Brasil e oferecer soluções para seus grandes
desafios.
Os partidos políticos são organizações das mais importantes
nas sociedades democráticas, indispensáveis a sua integridade e manutenção. Em
semelhante contexto é necessário que tenham e mostrem, com clareza, alma e cara
e que não abram mão de sua identidade, em qualquer circunstância, por mais
tormentosa que ela seja ou pareça ser.
Daí minha satisfação, embora não seja tucano, ao assistir à
Convenção Nacional do PSDB e presenciar a reafirmação de sua identidade e
origem, desbotada e diminuída já há alguns anos, por deixar de assumir sua
própria história, seus governos e a expressão de suas lideranças.
Satisfação porque imaginei esperançoso, naquele cenário, o
início de uma nova etapa de autenticidade e coerência na vida das nossas
organizações partidárias.
Cabe ressaltar que a negação partidária não é uma prática
restrita ao PSDB, mas comum a todos os partidos políticos brasileiros, cuja
marca mais forte vem sendo a descaracterização e a perda de identidade, o que
desmerece sua razão de existir, a conseqüência desse pecado original.
Outra energia substantiva que percebi nessa importante
convenção, foi o entusiasmo geral dos participantes. Convencionais, militantes
e simpatizantes, expressaram com clareza sua euforia renovadora, marcando
presença pela vontade de lutar, orgulhosos do que são: tucanos!
Oxigenada por esses poderosos sentimentos e pela postura de
unidade das lideranças maiores do PSDB, de todas as origens e regiões, a
convenção sinalizou com uma nova visão do Brasil, como alternativa
auto-criticada e recriada da prática histórica da social democracia brasileira
com fundamentos e pressupostos essenciais e indispensáveis à formulação da
proposta de programa de Governo, a ser apresentada no embate do próximo pleito
eleitoral.
Nessa direção, o jovem Presidente do PSDB, Senador Aécio
Neves, deverá demonstrar sua capacidade de agir como o fez na Convenção, para
assegurar e fortalecer a unidade partidária e turbinar a energia positiva que
dominou aquele evento, trazendo a exposição pública um partido que revele
credibilidade e competência para cuidar do Brasil e do povo brasileiro. Nessa
via é que ele encontrará verdadeiro prazer e habilidade para o complemento da
primeira etapa de sua missão, que é aproximar o PSDB do povo, unir as forças
políticas verdadeiramente interessadas no Brasil para a sincera e indispensável
governança compartilhada, cenário no qual os jovens devem ocupar lugar de
destaque, em todas as instâncias e momentos, como principais autores e atores,
nesta nova sociedade do conhecimento, da qual eles são mais que
imprescindíveis.
Finalmente, é preciso ter a clareza de que esses
ingredientes dinâmicos, terão seu laboratório esmerado em Minas, terra e
símbolo de Aécio, reduto onde a ampla flexibilidade precisa ser a regra de
conduta permanente, e o individualismo e a intolerância devem ser recusados
como práticas desagregadoras em sua tentativa de fundamentar qualquer pretensão
menor que o Brasil vez que o que está em jogo é algo muito maior que Minas,
embora sem ela, provavelmente, não se tenha exito na missão principal.
* José Prates é ex-prefeito
de Salinas-MG, arquiteto e urbanista, escritor.
Líder dos movimentos políticos Lulécio e Dilmasia.
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